Música pra quem a quer


Deliro, no meu quarto. 
Leio 1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer e acho que a vida poderia resumir-se em musica. 
Imagine o vento soando como um Bolero de Ravel ou os mares agitados gritando o Carmina Burana... 
Tremo. Adormeço.
Eu realmente detesto esse negocio de ano novo. Que baboseira! Fugi de todos os telefonemas, não suportaria falar com ninguém. Todos me deixam doente, poucas exceções. Se pudesse não veria mais ninguém. Mas logo em seguida me sinto doente e autista por pensar assim. Pego o telefone para ligar para alguém, mas me exaspera a insistência das pessoas em nos encontrar e desisto. 
Parem de me desejar feliz 2011! Parece para mim mau agouro. É como se fosse tão certo que seria um ano infeliz que todos tenham que se desejar fervorosamente um bom ano, como um pêsame ao contrario. ­
A sensação de que estou definhando me toma novamente. Penso em procurar algum psicólogo, psicanalista, psiquiatra, psiqualquer coisa que possa me dizer que não sou louca, mas vai que eles decidam o contrario?
Meu pé pulsa com a dorzinha filha da puta que não vai embora. Amaldiçoo o salto alto, me dou um beliscão mental por ser estupida por continuar em cima do skate com o pé machucado e ademais tento ignorar a dorzinha filha da puta que não vai embora.


Você não vai entender o que se passa no fundo da minha alma. 
Você somente vê o que eu quero mostrar.












Mais um dia. 
Nada fiz. 
Nada criei. 
Não me tornei mais célebre, nem aprendi nada novo.
Mais um dia que durmo com a alma menos minha e cada vez mais longe,
floresta adentro dos meus sonhos.
Realidade, sonho, o quê é o quê? 
Quem nomeou de vida isto que aconteceu à minha volta, hoje? 
Quem condenou nossos sonhos a ser somente sonhados, quem fez isso? 
Quem me sentenciou a escolher isto ou o vazio?  
Por Deus, quem?