De amizades a carvalhos seculares


Sinceramente eu não queria que acabasse assim. Duas pessoas que antes se completavam hoje apartando-se uma da outra. Isso não é natural. Devíamos ter uma cota de pessoas na vida, escolheríamos e depois teríamos que viver o resto da vida com as mesmas pessoas em nossas vidas. Seria como plantar uma árvore e cuidar dela pelo resto da vida. Amizades fortes e duradouras como carvalhos seculares. Talvez, se assim fosse, as coisas não seriam tão prostituídas hoje em dia.

Eu queria que tudo fosse como planejamos. Famílias lindas para comentarmos sobre, trabalhos estranhamente prazerosos e rentáveis, viagens, encontros para falarmos dos velhos tempos, sim, aqueles como quando íamos à beira mar à noite, deitar na areia para sentir o vento e olhar o céu enquanto ouvíamos um tango moderno.  Mas não. Não vai ter nada disso. Eu não quero mais fazer parte da tua vida. Eu não quero mais te magoar falando coisas desagradáveis ou me magoar vendo as tuas escolhas absurdas.

Diz-se de almas grandiosas e de tudo valer à pena, mas honestamente eu nunca parei para pensar nisso. Vai que pesando todos os dissabores não valeu tanto a pena assim? Ou o contrário, nunca se sabe, tem que parar pra pensar nisso e eu não estou muito de parar esses tempos. Estou no tempo de correr. Correr para fazer tudo que não fiz no tempo que nunca foi realmente meu para dizer que perdi.   
Perdi? Não sinto isso. Vivi? Fui mera observadora, sempre que podia.  Como se eu estivesse aqui como única expectadora de uma grande experiência. E ficasse sentada no canto, solitária e invisível, com ar de esperteza e deboche.

Agora, finalmente, tomo posse da minha vida. E a primeira escolha que faço é te tirar dela. Adeus.