Acordo. Cabelos e pensamentos embaralhados. Ela já está no chuveiro. Nos cruzamos na porta. Ela vai preparar nosso café, eu fico enrolando, molhando só o pezinho, aproveitando a sensação da água gelada entre os dedos. Quando vou tomar café ela já está se maquiando. “Amanhã tu acorda as 06:30. Vou me atrasar, Roza!”, “Vai sozinha.”, retruco. Seguro um sorriso, ela também. Sabemos que não vamos sós.
Chego no trabalho mais cedo do que deveria. O “Power” afunda sob meus dedos, e me preparo para mais um dia sentada na frente dessa telinha. Vejo os emails, atualizo sistemas, e vou pra parte prazerosa: dois cliques nos bonequinhos verde/azul.
Predo diz: Bom dia! \o
Um sorriso se abre no meu rosto, iluminando a minha sala. Aproveito-o para saudar as colegas que chegam, e volto a minha atenção pra janelinha piscando aqui em baixo.
Antes mesmo do convite de exibição da webcam vir já o vejo. Camisa amarrotada me fala de batalhas na cama. Estendo a mão pro monitor, quase sentindo os fios bagunçados abraçando meus dedos.
Ele já está ali, o sorriso, meio escondido, entre uma covinha e outra, tentando, inutilmente, passar despercebido. Eu o instigo. Falo bobagens. Ele morde o lábio inferior. Não quer aparecer. Em vão, ele já está ali, já é meu.
Prelúdios de conversas em domingos que nunca virão me passam no cantinho do olho. Eu, ele, ela e ele. Muros de vento nos cercando. Muros que embora não possa ver, sinto. Sinto até quando não está lá. Principalmente quando não está lá. Onde estará?