de tudo que eu te queria dar


As minhas palavras não bastam. Eu queria te dar mais. Eu queria te restituir o viço da pele, o brilho do olhar. Eu queria te fazer voltar a gargalhar como antes. Te fazer ser aquela mulher segura outra vez. Sim, aquela, eu sei que você lembra. Aquela mulher que massageava a ruga que morava entre minhas sobrancelhas e me dizia no ouvido que ia cuidar de tudo.
Eu queria escolher um amor bom pra ti. Um amor que não te machucasse, que cuidasse e te amasse. Não precisava durar a vida inteira, bastava te fazer feliz por um verão. Mas as minhas palavras, elas não bastam. Elas não curvam o tempo.
Eu odeio o tempo. Odeio tudo que ele nos rouba. Tudo que ele roubou de ti, meu amor. E ele, tal qual abismo sem fim, hoje te rouba o fiapo daquilo que te é especial. Mas eu vou estar contigo. Eu vou te afagar a cabeça, não tenha medo.  Eu te amo.
Eu te olho nos olhos hoje, com o coração partido, e vejo a fome que há neles. Fome de tempo.
Eu também queria voltar no tempo contigo, pra mudar tudo aquilo que não deveria ter sido. E pra te fazer ver as escolhas certas, pra te apontar a direção, pra te puxar comigo por um caminho diferente. Eu poderia ter feito tanta coisa, mas eu não sabia ainda.
Não se culpe. Tente sorrir apesar de tudo. Afinal todos nós somos vítimas de nós mesmos. Vítimas da impossibilidade de darmos ao nosso corpo outra direção, de saber em que porta entrar. Não se culpe, derrame algumas lágrimas salgadas e pense que afinal tudo passa. Sim, tudo é alheio a nós e tudo passa.
Não chore pelo que já passou. O passado está morto. O que está para acontecer também já é passado. Esqueça. Perca-se em mim e comigo (perder-se é encontrar-se). Deixe o esquecimento te banhar. Sou tua mãe, não só tua filha. E eu estou aqui contigo.

das minhas abstinências


Outro dia, um moço dos olhos d’água veio me falar de como acreditava que todos os papéis importantes da minha vida pareciam estar ocupados. Mas eu não tenho um loteamento dentro de mim, muito menos espaços premeditados.
As pessoas simplesmente chegam e criam seu próprio espaço. Eu sou mata virgem e tenho meu coração e meus sentidos abertos para a grande novidade que cada um pode ser. As pessoas vêm e fincam suas estacas no meu peito, criam sua história, constroem em mim seus desejos e fazem dos seus, meus sonhos.
Algumas pessoas podem despertar tantos sentimentos. Bons, maus, inesquecíveis, risíveis, mas todos com seu grau de loucura e preciosidade. Eu amaria as pessoas se não as repelisse tanto. Algumas me despertam tanto interesse! Mas com a maioria sinto apenas um ante-cansaço  de saber que não vou encontrar ali nada de novo, nada que me surpreenda.
Ademais me abstenho do mundo. Deixo o mundo chegar a mim da maneira que ele desejar. Tento não me aprofundar demais, tento fechar os olhos, tento ser o oposto absoluto de todos, tento ser o não sei.
Depois de tanto pensar, tanto sentir sem sequer tocar na vida, fecho, cansada, as janelas do meu coração. Excluo o mundo e todos e por um momento me dispo de mim. Amanhã voltarei a ser eu. Deixem-me ser o nada hoje. 
Roza

no tempo em que festejavam o dia dos meus anos


"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto...
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,

O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),

O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio…
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim…
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada...
Mais nada!"
(Álvaro de Campos)



e por falar em saudades....




ROSCA, 

Eu queria te dar o melhor presente do mundo!
Aquele vestido lindo, da loja mais chic lá  do shopping, que quando olhei, vi você dentro dele.
Aquela sandália e bolsa da arezzo que iam combinar perfeitinho com o vestido e as maquiagens mais perfeitas que deixam nossa pele igualzinha como fica quando a gente passa o blur.
Queria poder trazer pra perto de ti todos os teus amigos, aqueles com quem você passou momentos inesquecíveis e que você  sente tanta saudade.
Queria poder te dar uma passagem Brasil - Suécia - Brasil ou então uma Suécia - Brasil - sem volta pra ele.
Eu queria poder te dar um aniversário perfeito, tipo aqueles "dia de princesa" e que tivesse a festa mais bonita e que TODO mundo estivesse junto.
Eu queria que você fosse a pessoa mais feliz do mundo, com uma casa linda, um marido perfeito, filhos e uma profissão que te realizasse  e ganhasse 50 mil por mês.
Se eu pudesse escolher como seria teu futuro...
Mas, no momento, eu só posso te dar um livro, embora quisesse te dar a biblioteca inteira.
Eu te acho perfeita. Às vezes, eu queria ser como tu.
Não precisa de roupas caras, nem sapatos e bolsas da moda, nem de maquiagem que tente esconder os teus defeitos, que até  isso eu acho lindo.
Eu encho o peito pra dizer pra todo mundo que você  é minha irmã e se eu pudesse dizer pra eles o quão perfeita você é, eu começaria falando do teu coração.
Eu tenho o maior orgulho de você.
Eu me sinto um pouco frustrada agora, por não poder te dar tudo o que eu queria, eu até nem sei como me expressar pra dizer o quanto eu amo você, o quanto tu é indispensável pra mim e eu nem sei o porquê...
Hoje, você faz 18 anos e eu me assusto. Passa um filme na minha cabeça, relembro todos os momentos. Muitos momentos, poucos momentos, momentos eternos.

Eu quero ficar do teu lado pra sempre.


                                                                                                                                                                                   SUZANA
15/07/2006



Meu amor, em nome de todos os teus irmãos,
saiba que te amaremos eternamente.
Vivo em função das nossas lembranças.
No desejo permanente de te ver,
te abraçar, ouvir tua risada gostosa novamente.
Tudo que eu aprendi contigo não foi em vão.
O vazio que deixaste nunca será preenchido.
Tu foi a pessoa mais linda que já conheci.
Perdão por não ter cumprido a promessa que tantas
vezes te fiz quando, em aflição, tu me fez jurar
que não te deixaria morrer. Perdão. Perdão. Perdão.
Obrigada pelos melhores momentos da minha vida.
Pelo amor e amizade que sempre me deste.
Pela paz que tantas vezes tu plantou em meu coração.
Agora é a tua vez, paz meu amor.
Te amo, Florzinha de Maracujá.






Roza,


10/08/2007





(E a saudade me castiga e me castiga...)






"...eu quero é tua boca endiabrada na minha.

 o resto...

 que se dane!"

das feições das minhas saudades



Eu queria ser imune à saudade. Eu não quero mais senti-la. Se preciso for renunciar a várias vivências, aceito a conseqüência. Tem sido assim minha vida inteira: se algo me desperta interesse, é tirado de mim rápido demais. O grau de interesse é inversamente proporcional ao tempo que a vida me cede com o alvo das minhas saudades.
Tantas vezes fingi não ver as pessoas especiais que tropeçavam no meu caminho, só pra depois não ter que lidar com este sentimento.
Mas às vezes eu não consigo resistir.
Outro dia estava eu tranqüila e sorridente sentada numa mesa de bar quando um par de olhos castanhos me incendiou a alma. Eu tentei voltar minha atenção para o sorriso lindo da amiga à minha frente, ou para qualquer outra pessoa que me interessasse menos que aqueles olhos devoradores. Mas a minha curiosidade sempre me vence.
Permiti-me viver.
Encontros apressados na beira mar, mãos quentes procurando as minhas. Olhos atentos sempre fazendo o meu olhar procurar o chão. Noites tão longas e tão curtas.
Não poderia ser diferente, o meu tempo acabou rápido demais.
Hoje a minha saudade tem feições fortes, olhos que descobrem o que não quero mostrar e cabelos escuros que ao sol torna-se de uma cor que não sei explicar, tal qual o que estou sentindo agora.
Mas que direito tenho eu de sentir saudades? O que é a saudade perante toda uma vida para a qual temos que voltar? Como posso eu competir com o que poderia ter sido, com o que nunca serei?
O que me resta é esperar que a ausência do calor de um corpo que não está mais aqui passe por mim como o próprio corpo já passou.
Roza Larissa

Das palavras guardadas, ansiosas por falar



Eu queria. Olhar-te nos olhos uma última vez, como eu queria. Segurar assim no teu queixo delicado e olhar bem dentro daqueles profundos olhos azuis e te dizer o quanto eu te amo, o quanto este amor nunca, nunca, vai acabar.
Depois eu queria sentar contigo no chão gramado e, de cabeça baixa e pedaços de grama entre os dedos, te falar de tudo que tem acontecido nesses três anos. Tantas batalhas internas, eu brigando loucamente comigo mesma. Eu ia te falar também de como eu tenho sido fraca, tentando não pensar em ti, tentando não planejar o amanhã.
Eu queria te contar de como eu pego minha dor com as mãos, brinco e me rio dela e depois (quando ninguém está olhando), eu a guardo com todo o cuidado no fundo do meu peito, onde eu acho que ela deve permanecer para sempre.
Eu ainda queria te mostrar tudo que eu já vivi, o quanto eu deixei de ser aquela garotinha que tu tinhas que dar sermão. Queria que você experimentasse ouvir Svefn-G-Englar comigo, deitadas no sofá, uma com cada fone, eu queria tanto ver os teus olhos brilhando ao perceber que acabara de conhecer uma música tão linda e diferente.
Eu queria rir daquela tua dancinha linda. Fazer cócegas em ti e por entre nossos risos te perguntar por que os meus dias são tão cinzas sem ti; Por que tu, dentre todas as pessoas, teve que partir.
Eu olho em volta, sentimentos e pessoas vão desmoronando; casas são pintadas de cores engraçadas; fotos outrora tão importantes hoje vejo teus amigos descartarem; teus antigos amores, com roupas novas, saem para te esquecer. Tudo vai mudando como se o mundo precisasse fingir que você não existiu e dentro de mim só a tua morte jaz erguida, sentimento constante e permanente.
O que eu não daria para ver, uma única vez mais, uma janelinha azul claro avisando: “Sú acabou de entrar.”