Belle & Sebastian - para iniciantes


Vou começar um novo tópico "no momento estou ouvindo...", e como quase sempre estou ouvindo essa bandinha escocesa, nada melhor que começar por ela.

Eu tenho um problema muito sério com novas bandas. Sou ficcionada nas bandas que já conheço - e a fundo, então me perco ao tentar escutar algo novo. O principal motivo é "Por onde começar a ouvir?". Para começar a ouvir uma banda é bom se inteirar quanto a história da mesma, então, ao invés de postar meras outras resenhas no tópico de recomendações resolvi compartilhar este que é um tutorial e tanto para novos ouvintes de B&S. Quem é quem? Quem faz o quê? Por que disco começar? Onde encontra-los? Essas super-informações relevantes e cheias de suingue para novos ouvintes. Então, vamos encerrar esse parágrafo de enrolação e passar pra atividade:

Onde começou?
B&S é uma banda escocesa, formada em Glasgow, Escócia, em Janeiro de 1996. Stuart Murdoch e Stuart David se encontraram nos bares da vida e cataram alguns músicos e formaram o B&S. Em uma semana eles gravaram um disco, o Tigermilk, na gravadora da faculdade que permitia que isso fosse feito de graça e que se prensassem cerca de 1.000 cópias em vinil. Não era pra ser uma banda séria, tanto que no começo todo mundo mantia seu emprego fora da banda e tudo mais. Os vinis não chegaram a ser vendidos com entusiasmo, mas foram distribuidos para os amigos (hoje chegam a ser vendidos por centenas de libras em leilões). Como chegaram as mãos de um DJ local, caiu na internet, começou a fazer sucesso e o escambau. No começo os caras apareciam SEMPRE disfarçados em fotos ou tiravam fotos de amigos e fingiam que eram eles. 

Que música fazem?
A música de B&S recebeu vários rótulos ao longo dos anos, mas só um forte o bastante, INDIE POP. Se você classificar como Twee Pop, Jangle Pop, Chamber-pop ou qualquer outro rótulo viadinho e tal, tá certinho.

Vou poupar detalhes sobre os integrantes, porque essa curiosidade só vem depois que a gente realmente se apaixona pela banda... Então vamos ao que interessa.


Não recomendo começar a ouvir B&S pelo primeiro disco "Tigermilk", que é meio pesado e depressivo. Na minha opinião o disco mais fueda deles para iniciar é "If you're feeling sinister (1996) é o segundo disco supimpão do B&S.  Todas as músicas foram compostas por Stuart Murdoch e, bem, são FODAS!

Você pode fazer o download do disco aqui.

Se quiser só ouvir, clique no nome da faixa.

Agora vamos para uma análise das músicas. É queridinho, não basta ouvir Belle.. Tem que desvendar.

The Stars of Track and Field "Make a new cult every day to suit your affair" é a frase que começa essa música e que é mais constantemente usada para definir o próprio B&S. A música conta a história das estrelas da corrida de obstáculos (ou modelos da Track&Field, não se sabe bem) e de suas peripéciais sexuais grupais. Basicamente tem alguém muito revoltado e se sentindo desprezado por uma dessas estrelinhas. A música é embalada por basicamente violão 'barely audible' e bateria incisiva no refrão.

Seeing other people é uma daquelas musiquinhas belas embaladas pelos dedos dançantes no teclado de Geddes que te fazem um dia querer usar num texto a primeira palavra que você aprende nas aulas de literatura e mal sabe como se escreve: "plurissignific ação". Qual é o tema da música? Promiscuidade? Prostituição? Traição? Acostumem-se, assim é B&S.

Me and the Major tem gaitas como aqueles folks americanos, mas não é um folk, quanto menos americano. Mas tem muitas gaitas, isso é verdade. O eco da voz de Stuart no final dá uma impressão de clássico e ao mesmo tempo um "de volta pro futuro" way.

Like Dylan in the movies (e olha a Lisa que é protagonista de tantas músicas do B&S).  A melodia dá um certo tom de perseguição que a letra acompanha ("If they follow you, don't look back, like Dylan in the movies" cantado em coro pela banda) e entre guitarra, bateria e teclado você entende que "isn't your money that they're after boy, is YOU". Pessoas com mania de perseguição, por favor, deixem a sala.

The Fox and the snow é a música mais triste que você já ouviu na sua vida inteira. Realmente trata de uma raposa na neve, procurando o que comer, mas faz uma análise das mazelas humanas (a procura diária de sexo, de alguém pra fazer as coisas por você, o fato de nunca sabermos realmente o que é a vida) e te empreguina da melodia pseudo-alegre na qual foi colada. Backing vocals da Isobel: "what would you do know?"

Get me away from here, i'm dying É O CLÁSSICO MAIS CLÁSSICO DE TODOS OS CLÁSSICOS DE B&S. É impossível que em uma fase da apresentação de B&S pra alguém a pessoa pule "GMAFHID". Um balançar leve de violão, que chega a ser clichê vai dividir sua vida em antes e depois de B&S. A única coisa que eu, mera mortal que não nasceu com o nome Stuart Murdoch, não nasceu na Escócia e sequer te um penteado ridículo (há controvérsias...) é isso:


If you're feeling sinister traz um alegre barulho de crianças brincando num parque. E numa base teclado-violão conta a história de como Antony e Hilary se entregaram a morte. "She was into S&M and Bible studies..." e entre todos os paradoxos e clichês da existência o maior de todos aparece: o fato da gente sempre se sentir estranho. Por mais crente-com-certeza você tem dúvidas sobre a sua fé. Por mais ateu-caretão você tem dúvidas da sua não fé. "But if you're feeling sinister, go off and see a minister, he'll try in vain to take away the pain of being a hopeless unbeliever" é o conselho b&s do dia.

Mayfly, tem como primeira explicação a sábia pergunta: o que diabo é "mayfly"? Como amante de animais considerados asquerosos (como baratas e sapos) lhe apresento uma efêmera:


Efêmera é o nome dado à essa linda mariposa aquática. Efêmera significa "de vida curta" do grego, ou sei lá que língua antiga da qual nós chupinhamos seu nome. Durante essa fase adulta, a efêmera vive poucas horas, tempo necessário apenas pra reproduzir loucamente. Não há sequer um instestino desenvolvido porque comer é perda de tempo pra quem pode trepar. E é sabendo de biologia que se entende "mayfly". A música trata de um amor passageiro, uma trepadinha "antes mal acompanhado que só". Isso claro com a leveza de um tocador de arpa
sem dedos. "Keep me company 'till she comes again". 


The Boy Done Wrong Again chega mais que na hora: Stevie abrindo a boca decentemente pra fazer um semi-dueto com o Stu. Puramente violão e tristeza. "Hang your head in shame and cry your life away" 

Judy and the dream of horses é a Judy "louca rebelde ovelha negra". Porque Judy trepou quando era adolescente e foi ficando biruta de culpa depois, se entregou aos livros e tinha sonhos eróticos com cavalões aos sonhos com cavalos - ou seria uma alusão à liberdade? Terminamos o disco sãos e salvos e com trompetes à cerca de 1:30, e claro, com Judy fingindo que não quer nada com o amiguinho dela. "If you're ever feeling blue then write another song about the dream of horses"..
 

Loursque tout mi ravit, j'ignore
Si quelque chose me séduit.
 

Se il tutto mi rapisce, non so dire
se una singola cosa mi seduce.


Se o tudo me toma, não sei dizer
se uma única coisa me seduz.



- Tout Enteière, Baudelaire

della rinascita


La mia lingua madre mi ha abbandonato.
Ha abbandonato i miei versi, i miei sogni, i miei pensieri.
La cerco attraverso il mare di parola che ondeggia dentro di me, ma le parole si nascondono, mi evitano, sciolgono.
O forse sono stata io ad abbandonarla.
Forse perché tutte le mie sofferenze sono successe in quella lingua.
I miei incubi da bambina li ho sognati tutti sempre in quella meravigliosa, cantante lingua.
O sarà perché non ho mai sentito una parola d’amore vera nella lingua di Camões?
La mia lingua madre è diventata la lingua della delusione, della solitudine, dell’addio, della perdita. 
Ma ha voluto Dio non lasciarmi orfana. Oggi la mia bocca si riempie dell’italiano.
La lingua italiana mi ha trovata già quasi muta, le mie dita si
rifiutavano di scrivere, della mia anima si vedeva solo un filo,
sommersa com’era nell’abisso della’oscurità: senza suoni, senza colore,
senza poesia. 
L’italiano mi ha riportato alla vita. Mi ha presentato l’amore. Ha
riempito la mia vita di colori, tutti verde-speranza.
L’italiano per me è la lingua del ricominciare, della rinascita. Non
solo quella culturale,  ma la rinascita dell’anima.
Oggi mi sento una bambina nell’ inciamparmi nelle parole.
Parole, ma non solo parole: colori, suoni, sensazioni. Parole rosse
di rabbia o passione.  Gementi, sussurrate parole. Addolorate e
piacevoli parole. 
Parole che vogliono sempre dirti qualcosa.
Parole pesanti che affondano nel pavimento e non raggiungono le
orecchie. Parole come bruchi, che non arrivano mai, o come farfalle che
volano lievi su destini incerti.
Le mie, le nostre parole. 
Parole di tutti coloro che cercano una
nuova  lingua, una rinascita, una nuova patria. 
Una parola. 

Per Roza Larissa


Texto de abertura do Evento Pronunce Diverse, na Biblioteca da cidade de Grugliasco, TO, Itália. Abaixo, o vídeo de abertura com apresentação da (melhor) professora de italiano que jamais encontrei, Lidia Moriondo.
 




Bacchino Malato, Caravaggio


 Bacchino Malato (1591, 66x52)

Pintura de olio su tela, de 1593/1954, conservado na Galleria Borghese em Roma.

Trata-se, provavelmente, de um autorretrato do pintor quando o mesmo estava se curando de uma doença, como podemos observar pela cor esverdeada da pele e o azulado nos lábios. A coroa de hedera e os cachos de uva mostra-nos que pintor está representando o deus Dionísio.
Podemos notar o estilo caravaggesco pela falta de esforço que o pintor faz em embelezar a obra, ao contrário, ele nos mostra o corpo e o ser humano exatamente como é. Sem seguir os padrões de beleza da época.
Alguns estudiosos acreditam que o quadro seja uma alegoria a Jesus, onde as uvas simbolizam a paixão de Cristo e a perna esquerda ligeiramente levantada uma alusão a ressureição. Ou talvez, como nos faz crer o sorriso quase confidente de Baco, o artista queira-nos passar a mensagem de que sobreviveu, levando o cacho de uvas maduras à boca como símbolo de saúde, longevidade e plenitude de vida e a perna levantada como significado de renascimento, mas também de vitória, de triunfo ante a doença.

do teu aniversário

“A vida é uma busca inutil de um objetivo impossivel...”



Valzinha são 05 da manhã do teu aniversario. A essa data vários anos atras, nascia uma menininha provavelmente feinha, com cara de joelho, como todos os recem nascidos do mundo, só que essa menina, tinha um diferencial: Ela seria minha melhor amiga.
Ela ia me ajudar, me ouvir, brigar e olhar de cara feia quando eu fizesse algo de errado... E eu me sinto tão, mas tão grata por ter alguem como tu na minha vida... Todo o resto é futilidade. Tu não. Eu posso ser profunda e verdadeira contigo, e tu entende, porque tu também o és.
Não podemos pensar que não nos encaixamos. Porque deveríamos nos encaixar em algum lugar? Estamos aqui graças a um acaso. Essa historia de pensar que fomos escolhidos entre milhoes de esperminhas do cão, é ilusão. Na verdade fomos jogados aqui por uma força maior: o acaso.
Os poucos de nós que nos damos conta, somos fadados a viver insatisfeitos. Seja porque não nos encaixamos em algum lugar, como no teu caso, seja porque, se nos encaixamos, somos constantemente frustradas pelo desinteressante mundo e pessoas ao nosso redor, meu caso.
Mas às vezes, fatalidade do destino, essas pessoas se encontram e nasce essa amizade meio louca e completamente diferente. Eu e tu.
Eu te amo.
Queria escrever mais e abrandar essa teu coraçãozinho de metro e meio de mulher, sete palmos de beleza, tristeza e olhar gateado, mas eu tenho que ir comprar as coisas pro teu café da manha, meu amor...
A gente continua essa conversa com a boca cheia.

 


 04 de Julho de 2010