chaotic soul

Tarde da noite, bip de mensagem me desperta, o celular avisa que é impossível receber mensagem por excesso de uso da memória. Blasfemo. Decido apagar todas as mensagens que já deveriam ter sido apagadas há tempos. As dele! Sim. 

Apago todas. Um prazer dolorido. Assim consigo de uma vez evitar ter aquele número ao alcance. Na última mensagem, tremo. Decido. Mandarei uma última mensagem.
“Só hoje crio coragem para apagar teu número.”. Aperto o SEND. Feito. Apago rapidamente a mensagem antiga e a última enviada. Respiro. Acabou.

Saio, vivo, rio, tenho tudo, sou feliz!, sou triste, sou extremamente triste. Voltei à solidão.

Uma chamada não atendida. Apagado do telefone, não de mim. Era ele! Retorno. Ouço um alo abafado pelo vento forte. Respondo com um oi quase inaudível. “Quem fala?” A maldita voz arrogante! Desligo, sem chão. Já esquecida. Nem restos. 

O telefone toca novamente. Ignoro. Toca, toca, toca, toca, vibra, vibra, vibra. 
Atendo. 
Um “alô” dessa vez sonoro. 
Impossível esconder a emoção do meu “Oi” surdo.  “Ro, meu amor, por que não fala?”, ele diz. 
“Falar pra que? Tu nem sabia quem estava falando!”, “Como não sabia?! Estou num buggy no meio do nada, voltando pra casa, recebi tua mensagem, nem sei como o celular pegou!, mas parei, tentei ligar. Tu ligou em seguida... Eu, eu... Como você está?”, Respondo com um “Bem” embargado.
“Deixa eu te ligar quando chegar em casa?”, “Sim.”. “Um beijo!”.


Desligo. The Jesus and Mary Chain inunda a sala.

“I`m going to the darklands, to talk in rhyme with my chaotic soul...”


[Roza - 08/09/2010 - 00:46]

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